terça-feira, 3 de julho de 2012

Minha mãe me matou II


Aborto
Céus dos inocentes – Prezada mamãe

  Ao iniciar esta carta sei que esta bem, pois posso vê-la, mas a senhora não pode me ver e nem me viu.
  Olha mamãe, eu sou aquela criança que você matou. A senhora não sabe o quanto eu tinha vontade de nascer, mas você, e o covarde do meu pai, não me deram essa alegria e, por isso, escrevo-lhe dizendo que eu tinha muita vontade de nascer.
  Olha mamãe, quando ouvi o papai e a senhora falando em aborto eu fiquei a pensar, mas não sabia o que era.
  Quando a senhora começou a fazer aquelas coisas absurdas eu fiquei preocupada. Ai meus sonhos caíram terra abaixo.
  Quando a senhor introduziu aquele talo de mamona acertou bem no meu olhinho, que era tão lindinho e tão cheio de vida e que tinha uma vontade louca de ver seu rosto.
  Mamãe, eu queria ver seu sorriso, mas não ficou por ai não. A senhora não se contentou e foi naquele medico assassino que deu aquelas pastilhas acidas que pegou bem no meu rostinho e eu passei minha mãozinha para tirar aquilo porque ardia muito e ela era tão linda mamãe. Elas eram feitas para acariciar seu rostinho mamãe, era a vontade que eu tinha de tocar em você.
  A senhora nem sabia e continuou com aquela ideia absurda, quando a senhora, naquela tarde, pulou de um barranco, sabe mamãe, quebrou minha espinha e fiquei paralisado. Eu tinha vontade de correr, brincar e pular em seu colo.
  Mamãe, fiquei aterrorizada quando senti que não podia nascer. A senhora nem sabe o quando sofri, não esqueço nunca.
  Ate que chegou a noite fatal. Essa não esqueço, quando a senhora introduziu em si aquela agulha de tricô que passou entre as minhas mãozinhas queimando e foi atingir meu peitinho que era tão cheio de vida e um coração cheio de amor pela senhora, mas aquela agulha me virou de um lado para o outro tirando minha vida.
  Mamãe eu estou aqui entre os anjos e Deus, e todos os dias vejo Jesus, pois nos ficamos sentados bem perto de seus pés e peço a ele que te perdoe, mas acho muito difícil que faça isso. E saio sempre para um cantinho e fico chorando e pensando porque fez isso.
  Mamãe, porque me mataste com tuas próprias mãos?
  Espero que ao receber esta carta a senhora se arrependa de seus pecado, e eu continuarei a pedir a Deus que a perdoe, pois eu já a perdoei, mas só Ele pode perdoar seus pecados. E se a senhora conhecer alguém que tenha essa ideia, mostre essa carta e tente faze-lo mudar de ideia.
“Sem mais me despeço, seu filho que não nasceu”.

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